O café está cerca de 10% mais caro nas gôndolas dos supermercados. O reajuste de preço chegou aos comerciantes em meados de março e agora começa a afetar os consumidores. Nas cafeterias, o preço também deve subir nos próximos dias, já para alguns comerciantes o aumento para a produção do café expresso atinge cerca de 50%.
A justificativa vem dos produtores de café que afirmam que o estoque mundial do produto é baixo e que a safra deste ano é 33% menor que a do ano passado. Com isso, a xícara do café expresso que hoje custa em média R$ 2 em Uberlândia deve chegar a R$ 3 nos próximos meses.

De acordo com Damião Ferreira Matos, 47, dono de uma cafeteria tradicional do Centro da cidade com mais de 70 anos no mercado, o aumento de 51% foi repassado pelas distribuidoras na semana passada. Segundo ele, a cafeteria registra uma venda diária de 300 xícaras de café expresso e o preço de R$ 2 ainda não foi alterado. “Ainda não subi porque estou aguardando a concorrência. Estou pensando em subir para R$ 2,50. Diminuo a margem de lucro e divido o aumento com o consumidor”, disse.

Para João Luis Maia, 24, dono de outra cafeteria no Centro da cidade, o preço será mantido nos próximos dias. “O mercado de café oscila muito, por isso vou aguardar um pouco, caso o preço se firme é inevitável o aumento, terei que repassar aos consumidores. Vou esperar de um a dois meses para ver o que dá”, afirmou.

Já a comerciante Gleidimar Alves Soares, 39, dona de uma lanchonete no bairro Umuarama, zona norte, vende café de coador, no copo americano por R$ 0,50. Segundo ela, o aumento ainda não foi sentido nem repassado ao consumidor. “Compro o produto e estoco. Por isso só vou comprar café daqui a duas semanas. Mesmo que haja aumento, não vou repassar, prefiro perder a margem de lucro. O volume de vendas me ajuda”, disse. 

Supermercados

Para os consumidores que fazem o café em casa, o reajuste de cerca de 10% no preço do café gera mudança de hábito. O aposentado João Batista Farias, 69, gastava cerca de 2 kg do produto por mês, agora, afirma que vai reduzir o consumo pela metade. “Está caro demais, vou ter que tomar menos, se não o dinheiro não dá”, afirmou.

Segundo o gerente de um supermercado no bairro Roosevelt, zona norte, o aumento foi anunciado no início do mês passado. Ele afirma que a mudança de preço gera certo desconforto para os consumidores.

“Na primeira semana, o consumidor estranha, mas, quando vê que o aumento é igual em todos os supermercados, logo volta a comprar. Não conseguimos segurar o aumento, se não ficamos no prejuízo”, disse. 

Consumidores

O empresário Rodrigo Byça, 33, afirma ser um viciado em café. Segundo ele, por dia, consome cerca de dez xícaras com 80 ml e, mesmo com o possível aumento de preço, não consumirá menos. “Não vai interferir no meu consumo, sou viciado, continuarei da mesma forma”, disse.

Para o comerciante Damião Ferreira Matos, a reclamação de alguns consumidores não tem como evitar, mas ele acredita que não vai perder a clientela por causa do reajuste. “No geral, os clientes de café expresso são fiéis e consomem por prazer, mas é claro que não podemos exagerar no preço”, afirmou.

Urias Fernando Carpio, 60, dono de uma desentupidora, é um destes clientes fiéis, consome café expresso diariamente e afirma que o aumento não o espanta. “Vou continuar consumindo do mesmo jeito e, já que aumenta o café, vou aumentar também o preço do meu serviço”, disse.

Produtores

Os produtores de café da região afirmam que o preço reajustado agora foi segurado nos últimos dez anos. Com o aumento do consumo mundial do café, os estoques acabaram e não há mais como segurar o preço. Segundo o Ministério da Agricultura, os brasileiros consumiram em 2010 uma média de 4,81 kg de café por habitante – quantidade que equivale a 80 litros de café tradicional.

De acordo com Ramon Rocha, vice-presidente da Associação de Cafeicultores de Araguari – que representa também produtores de Uberlândia, Cascalho Rico e Tupaciguara – somada ao baixo estoque, a produção deste ano na região foi 33% menor que a do ano passado. Ao todo foram 500 mil sacas (60 kg) contra 750 mil sacas em 2010. “A safra é pequena e não temos estoque. Isso fez com que o preço do café verde subisse, de R$ 300 para R$ 500 a saca – aumento de 40%”, afirmou.

Produção região

2011 – 500 mil sacas
2010 – 750 mil sacas
33% de queda

Preço

2011 – R$ 500 a saca (60 kg)
2010 – R$ 300 a saca (60 kg)
40% de aumento

Aumento para os consumidores

Média de R$ 2 pode chegar a R$ 3
Aumento de 50%

Aumento para as cafeterias e lanchonetes

Mais de 50%
Aumento para os Supermercados
Aumento de cerca de 10%

Fonte: Jornal Correio de Uberlândia