Açougues uberlandenses que estejam dentro de critérios de espaço físico e mão de obra qualificada poderão voltar a produzir lingüiça e carnes temperadas. O projeto de lei que institui o novo Código de Saúde foi aprovado por unanimidade nesta segunda-feira (14) pela Câmara Municipal e, dentre as mudanças previstas, está a liberação da produção artesanal de carnes transformadas para estabelecimentos que se adaptam as regras aprovadas.
A regulamentação do setor faz parte dos 358 artigos do novo Código. Açougues da cidade serão divididos em categorias A, B e C, sendo que apenas o primeiro tipo estará autorizado a temperar e transformar carnes para venda. Além disso, os estabelecimentos comerciais terão de contratar um profissional que tenha nível superior, técnico ou que seja especialmente treinado para ser o responsável pela produção.
“Uma coisa é exigir qualidade nos produtos; e outra bem diferente é acabar com uma tradição mineira”, disse o vereador Wilson Pinheiro (PTC), representante do Executivo na Câmara, sobre a manutenção da produção.
Para o presidente da Cooperativa de Distribuidores e Comerciantes de Carne (Coopercarne), Airton Pinhal, é importante salientar para a classe que não são todos os estabelecimentos que poderão produzir transformados. “Mas dos males, o menor. Pelo menos agora temos uma regularização que permite a produção, ao invés de proibi-la por completo”, disse.
O açougue de Nilo de Souza, que trabalha no setor há 50 anos, deve começar a se adaptar as novas regras assim que houver a publicação. A venda de carnes temperadas e massa de quibe representavam 40% das vendas. “Só de massa de quibe eram 150 kg por semana”, disse. No ano passado, a Vigilância Sanitária apreendeu 200 kg de produto no estabelecimento.
Proprietários de casas de carnes de Uberlândia ouvidos pelo CORREIO alegam ter havido uma queda de até 40% na receita após a proibição da venda e preparação de carnes transformadas e temperadas no ano passado. Tentando não perder a demanda, açougues passaram a comprar lingüiças e frangos temperados terceirizados, mas a medida não evitou os prejuízos.
Com uma casa de carnes no bairro Aparecida, zona central, Elaine Mendonça teve de demitir um funcionário após agentes sanitários passarem a fiscalizar com freqüência seu estabelecimento. “Tive de demiti-lo porque não podia mais produzir nada. A queda nas vendas foi de 30%”, afirmou.
O açougue de Fernanda Tavares está se adequando às exigências do novo Código de Saúde, aprovado hoje pela Câmara Municipal e que regulamenta a venda desse tipo de produto, para voltar a produzir lingüiça, frango a passarinho, lombo recheado e outros. “A partir do momento em que tiver critérios, fica no mercado só quem for melhor”, afirmou.
- Açougues deverão ter:
* espaço separado para a venda, desossa e transformação da carne
* profissionais de nível superior, técnico ou treinado
Fonte: Jornal Correio de Uberlândia