Os supermercados brasileiros resistiram bem à crise e, aos primeiros sinais de um horizonte mais claro, já projetam um 2009 melhor em relação ao inicialmente estimado. Dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostram que o setor cresceu 5,27% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2008. Para o ano, a projeção é de vendas 4,5% superiores às do ano passado, ante uma previsão anterior de apenas 2,5%.

A continuidade no crescimento da massa salarial e o avanço da renda nas classes C e D, aliados às inovações para atrair clientes às lojas, explicam o desempenho positivo do autosserviço em plena turbulência da economia.

– O consumidor que antes só comia pão começou a colocar um presunto no meio do pão. E com a crise substituiu o presunto pelo apresuntado - ilustra o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, acrescentando que, tradicionalmente, o setor não sofre grandes oscilações, seja em momentos de euforia ou de cautela.

Longo observa que os supermercados conseguiram com sucesso meios para aumentar o número de visitas do consumidor. Lembra que, além de oferecer preços menores em hortifrutigranjeiros e carnes em dias específicos, as lojas são prestadoras de serviços, onde as pessoas pagam contas, fazem movimentações bancárias e compram recarga de telefone celular.

– A crise tem um fator psicológico forte. As pessoas deixaram de comer fora e foram comprar (no supermercado) para fazer a refeição em casa – diz Paulo Ancona Lopez, sócio-diretor da Vecchi & Ancona Estratégia e Gestão.

Mesmo adquirindo produtos mais em conta, a população não deixou de ir ao supermercado, reforça o presidente da consultoria ABGroup, Altamiro Borges. Segundo Longo, também aumentou a procura por produtos não tradicionais nos supermercados. Vendas de presentes, eletrônicos e material escolar ajudaram o desempenho do semestre. O segundo produto que teve maior crescimento no período foi a água mineral. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral Carlos Alberto Lancia, estima que os supermercados detenham hoje cerca de 22% das vendas do produto.

– Os supermercados já começaram a vender bombonas (de 20 litros) – conta Lancia, referindo-se à embalagem que representa 60% das vendas.

Fonte: Zero Hora