Os últimos reajustes no valor dos insumos agrícolas já têm resultado em preços maiores de alguns produtos. Caso dos biscoitos, que desde o início do mês estão de 6% a 8% mais caros. Entre as commodities mais afetadas estão, justamente, o trigo e o açúcar, as principais matérias-primas do produto. O motivo é a quebra de safra na Rússia e na Ucrânia no ano passado.

Como depende do trigo importado, que atende 60% do consumo, o Brasil tende a ampliar suas compras do Canadá e dos Estados Unidos para compensar restrições às exportações impostas pela Argentina, sua maior fornecedora.

Dificuldade de repassar aumento
Mas nem todas as indústrias de alimentos enxergam espaço para repassar o aumento dos insumos ao varejo e ao consumidor, tanto por causa da concorrência internacional quanto pela possibilidade de perda de mercado para produtos rivais mais baratos.

Um exemplo é a indústria do arroz. Segundo Élio Coradini, presidente da gaúcha Coradini Alimentos, que vende as marcas Coradini, Super Coradini e Maioral, até haveria espaço para uma alta, porque o preço atual, na faixa de R$ 7 o pacote de cinco quilos, está bem abaixo de patamares recordes, na casa dos R$ 12.

Mas o mercado é freado pela concorrência de produtos importados de países do Mercosul e pela volta do Brasil à situação de autossuficiência na produção, após quatro anos dependendo de importações para atender o total da demanda.

Laticínios
Em situação bem mais confortável estão segmentos como o de laticínios, que se beneficia de uma alta na produção brasileira de leite. Odorico Alexandre Barbosa, diretor superintendente da Usina de Laticínios Jussara, por exemplo, diz que sua empresa não tem planos de elevar os preços, nem sofre com alta nos custos. “Se o preço da soja subir muito, ainda podemos ganhar algum espaço sobre sucos à base de soja”, diz. Apesar dessa dificuldade da indústria em repassar a alta das commodities, muitos supermercados já estão remarcando seus preços.

Fonte: Supermercado Moderno