SÃO PAULO - O novo índice de commodities Brasil (IC-Br), do Banco Central, lançado mês passado no Relatório de Inflação do BC, subiu 35,37% em 2010. Em dezembro do ano passado, ele se situava em 158,25. No mesmo mês de 2009, estava em 116,90. Na comparação com novembro, a alta foi de 5,79%, com índice situado em 149,59. Os dados foram divulgados ontem pelo BC. O indicador mede a variação de preços das commodities nos mercados internacionais, o que é importante para a autoridade monetária avaliar a dinâmica da inflação doméstica.

De acordo com os números do BC, o aumento do IC-Br em dezembro foi influenciado pelo segmento agropecuário, formado por carne de boi, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café e carne de porco. Nesse segmento, a alta foi de 6,75% em dezembro, comparada ao mês anterior. Com relação ao acumulado do ano, o avanço foi de 45,74% ante o mesmo período de 2009.

No segmento de metais (composto por alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo e níquel), o crescimento no último mês de 2010 em relação a novembro foi de 2,84% e de 25,85%, no acumulado de 2009 para 2010. No caso da energia (petróleo, gás natural e carvão), o avanço foi de 6,65%. De janeiro a novembro do ano passado, o índice estava em 95,24, o que representa uma alta de 17,06%, contra o resultado do IC-Br do acumulado de 2009. A alta do IC-Br superou ainda o índice Commodity Research Bureau (CRB), que apura o desempenho das commodities no mercado internacional. Esse índice apresentou crescimento de 1,61%, em dezembro na comparação com novembro de 2010. Em todo ano passado, a alta do índice internacional foi de 17,22%. O CRB, segundo o banco Central, é composto por carne de porco, carne de boi, banha, manteiga, óleo de soja, cacau, milho, trigo, açúcar, couro, sebo, sucata de cobre, sucata de chumbo, sucata de aço, zinco, estanho, tecidos, algodão, lã, resina e borracha.

Este resultado traz à tona uma preocupação constante do Banco Central sobre a forte influência dos preços das commodities sobre a inflação doméstica. No final do ano passado, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que há um risco externo e vem dos preços das commodities, o que demonstra que há sinais de que a inflação pode avançar em 2011.

Ainda naquela época, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao ser questionado sobre a possibilidade de o Banco Central subir a taxa básica de juros (Selic) já neste mês para conter a pressão inflacionária, ele minimizou o problema. E disse que a questão é estrutural, pois "a inflação irá recuar tão logo as commodities e os preços dos alimentos diminuam".

Fonte: DCI