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20/09/2010 09:31:35 - Público do "hiper" migra para as lojas de atacado

Festejado nos anos 70 e 80 como o espaço ideal de consumo, o hipermercado encerra a primeira década do século XXI sem apelo. As amplas lojas de mais de oito mil metros quadrados, onde se pode comprar de tudo, de verduras a bicicletas, passando por geladeiras e televisores, vêm perdendo espaço para pontos de venda mais próximos do consumidor, onde é possível encontrar rapidamente o que se precisa, sem ter que caminhar por corredores sem fim. Especialmente no Brasil, o modelo perdeu o sentido, passada a época de inflação galopante, quando boa parte da população estocava produtos para não ter que pagar um preço maior na próxima visita à loja.

Em época de consumo ascendente no país, o hiper é o único canal a apresentar retração nas vendas. Só no primeiro semestre deste ano a queda foi da ordem de 7%, em volume de produtos vendidos. Em faturamento, a retração foi de 9%, em relação ao mesmo semestre de 2009. De todo o varejo alimentar nacional, o hipermercado significa apenas 3% do faturamento.

Enquanto isso, os mercadinhos de bairro (até quatro caixas), os pequenos supermercados (até nove) e os médios (até 19), tiveram vendas 7%, 10% e 9% maiores no semestre, respectivamente. Para o consumidor, esses estabelecimentos são bons porque oferecem comodidade e variedade, perto de casa, tanto para as compras do dia a dia, quanto para as compras do mês.

Um outro canal, que terá seu desempenho medido pela Nielsen a partir de 2011, dá indícios de estar assumindo o papel do hiper nas compras de abastecimento: é o "atacarejo" ( ou "cash & carry", no jargão do setor). É onde o atacadista atende o "transformador" (pasteleiro, confeiteiro e vendedor de cachorro-quente, por exemplo). Esse tipo de loja vem conquistando o consumidor final.

As grandes redes estão atentas a essa mudança de comportamento. O Carrefour, que lançou o modelo de hipermercados no país em 1975, abriu apenas dois hipermercados no ano passado. Em compensação, na sua bandeira de atacarejo Atacadão, foram 11 unidades em 2009. Atualmente, são 113 hipermercados no país e 69 lojas do Atacadão, adquirido em 2007.

Nos "atacarejos", as lojas não são confortáveis como as do grande varejo - não têm ar condicionado e apresentam poucos caixas. Mas o preço 20% menor, em média, convence o consumidor a deixar esses detalhes de lado. No ano passado, o total de compradores que passou a incluir as lojas de atacado no seu roteiro de compras saltou de 17% para 22%, segundo a Nielsen. O que mais atrai são os itens de mercearia e perecíveis, que compõem cerca de 60% do mix.

"Mas não é só a classe C que vem buscando esse canal", afirma o diretor da Nielsen, João Carlos Lazarini. "Também a classe média começa a fazer as suas compras do mês lá, para aproveitar os preços menores", diz.

Segundo a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), a receita com venda ao consumidor final (autosserviço) significa hoje 23% do total de do setor. Mas esse número tende a ser maior, já que as grandes redes que vêm apostando no formato - o Carrefour, com o Atacadão, e o Pão de Açúcar, com o Assaí - não divulgam esse faturamento. "O investimento das grandes varejistas no formato está atraindo mais consumidores para as lojas", afirma Carlos Eduardo Severini, presidente da Abad e do Tenda Atacado.

A parcela destinada ao autosserviço varia de acordo com os interesses do atacadista. No Roldão, por exemplo, quarto colocado no ranking dos maiores atacadistas com venda ao consumidor, essa fatia é de 30%. "Não queremos perder o foco no atendimento ao transformador", diz Jefferson Fernandes, responsável pelo marketing da empresa. O Tenda Atacado, terceiro colocado no ranking, depois de Makro e Assaí , nada menos que 80% das vendas são feitas ao consumidor final.

Na opinião de Lazarini, da Nielsen, a tendência é que os hipermercados aumentem o espaço para mercearia, dando mais destaque para as promoções na área, diminuindo assim a super variação de mix. "É uma busca de especialização para revitalizar esse espaço", diz ele. Outra tentativa nesse sentido tem sido a maior oferta de serviços, com a atração de franquias, com um custo de operação em média 30% menor que o do shopping.