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27/01/2010 14:53:12 - Supermercados querem crescer nas classes C e D

Desenvolver estratégias e produtos específicos para atender um mercado de mais de 130 milhões de brasileiros, distribuídos nas classes C, D e E, é um dos desafios que o varejo alimentício vai se propor a enfrentar com mais vigor em 2010. O setor, que movimenta R$ 170 bilhões ao ano, aposta no crescimento da renda das famílias.

A expectativa é de que a conta do supermercado fique cada vez mais polpuda, inclusive com a presença no carrinho de itens importados. Em entrevista ao Estado de Minas, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, diz que a expectativa do setor é crescer cerca de 9% este ano, sendo que a classe C é o principal foco. Ele aponta a expansão do segmento em direção ao Nordeste do país, a nova fronteira do grande varejo de alimentos.

Honda destaca também o sistema de redes de compras como alternativa para as pequenas empresas fazerem frente aos grandes grupos. Sobre as fusões e crescimento dos hipermercados, ele descarta uma hegemonia. “No Brasil, não existe uma cadeia nacional presente em todos os estados. O varejo ainda está se consolidando”, frisa. Segundo o presidente da Abras, as diferenças regionais são grandes no país, impedindo a concentração do mercado nas mãos de poucos gigantes.

Quais serão os desafios do varejo para 2010?
Os dados de 2009 ainda não estão fechados, mas estimamos um crescimento de 6%, o que é muito bom em um ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) não deve crescer. Acreditamos que o aumento da renda e a expansão do crédito vão favorecer o setor este ano, que deve avançar 9%. Nosso desafio é atender um mercado de massa, composto especialmente pelas classes Ce D, dentro de suas características de consumo. É preciso lembrar que juntas, as classes C, D e E, representam 70% da população. Outro desafio é termos produção suficiente para não enfrentarmos o chamado gap, provocado por um forte aquecimento da demanda, o que pode elevar os preços. Isso sem falar na pouca mão de obra qualificada. O problema que afetou a construção civil tende a chegar ao varejo.
 
Nesse crescimento, para qual região aponta a bússola do varejo?
Existe um olhar mais forte para o Norte e Nordeste, uma tendência especialmente das grandes redes que estão se estabelecendo nessas regiões com grande potencial de consumo. Mas, no geral, o varejo tem muito caminho a ser percorrido, tem espaço para ser ocupado em todas as regiões do país.

Grandes grupos como Walmart e Pão de Açúcar anunciam investimentos da ordem R$ 7 bilhões este ano. Qual sua opinião sobre as fusões e formação de grandes conglomerados?
Esse movimento envolve principalmente o setor de eletroeletrônicos, que tem venda forte pela internet. São produtos vendidos pela marca e que não precisam ser manuseados. No caso do varejo alimentar, é muito difícil haver um processo de concentração. Os hábitos de consumo são muito diferentes em um país de grandes dimensões. É difícil aplicar um sistema de forma nacional, com um único padrão, e isso dificulta muito a concentração. Para se ter ideia, no varejo brasileiro não existe nenhuma rede presente em todos os estados.
 
E para os pequenos, qual a solução para sobreviver em um mercado de gigantes?

Não dá para brigar com os grandes tentando vender arroz e feijão. O caminho para os menores é fazer o que os grandes têm dificuldade para colocar em prática. Um caminho é trabalhar com a oferta de produtos diferenciados, focando em especialidades – e isso muitas empresas têm feito bem. O mercado de Belo Horizonte é um bom exemplo. Outra saída são as redes (pequenos que se unem para comprar juntos). Em estados como o Rio Grande do Sul, as redes já são o segundo cliente da indústria. Em Minas esse movimento também é forte. O estado concentra grande número de atacadistas que, ao invés de cair em decadência, cresceram regionalmente, como os grupos Martins e Peixoto.
 
E como o câmbio afetou o mercado? Nas gôndolas, os produtos importados estão fazendo frente aos nacionais?
O consumidor tem sido beneficiado com uma maior oferta de produtos. O Brasil é um grande importador não só de brinquedos e eletroeletrônicos, mas tem sua culinária influenciada por países europeus como Espanha, Portugal, Itália e Grécia. No segmento gourmet, a presença desses importados é grande, mas, de um modo geral, no varejo alimentar os importados representam 3% do mix de produtos. Este ano devemos avançar um ponto percentual, chegando a 4%. A tendência é de que, quanto mais a renda do brasileiro melhore, mais os importados sejam apresentados às classes C e D, o que vai contribuir para a oferta desses produtos.

E o desperdício? Ainda é uma questão grave para os supermercados?
Sim. A falta de padronização na cadeia produtiva é um desafio. A perda no setor de hortaliças e frutas chega a 25%. O índice também é alto na cadeia fria. As perdas chegam a ser superiores ao lucro, que é de 2% – o que é um absurdo. Estamos trabalhando para mudar esses números.

Falando de outro tema atual, qual futuro o sr. vislumbra para as sacolinhas plásticas?
Um futuro não muito bom. Está havendo uma redução gradativa de seu uso. O consumidor está mais consciente e não gasta mais uma sacolinha para levar dois sabonetes como antes. A indústria também está investindo em produtos reciclados e reutilizados. As soluções vão surgindo. Existe um estudo para produzir sacolas biodegradáveis a partir do milho, o que teria um custo de importação. Assim, a cadeia da cana-de-açúcar também está trabalhando em pesquisas para que as sacolas possam ser fabricadas a partir de componentes da cana.

Fonte: Estado de Minas / Portal UAI